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18 de novembro de 2016

MISSÕES: Um Mergulho na História da Formação da América

Uma das mais emocionantes histórias da humanidade ocorreu nas fronteiras do MERCOSUL. Área hoje formada pelas divisas do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Entre os anos 1609 e 1768 Padres Jesuítas e índios Guaranis construíram um novo caminho para a humanidade.

Inicialmente fundaram sua Província Modelo com cerca de 30 Reduções nas Regiões do Tape (RS), Itatim (MS) e Guairá (PR), as quais foram atacadas pelos bandeirantes na tentativa de levar os índios como escravos, sendo que milhares deles acabaram nas lavouras de São Paulo.

Após vários ataques migraram para a região entre o Rio Uruguai e o Rio Paraná. Em 1639 o Padre Montoya foi a Madri, conseguindo a autorização para o uso de armas de fogo o que levou a única grande vitória guarani frente às tropas paulistas na Batalha de M’bororé em 1641. Deste momento em diante, passou-se mais de 100 anos de tranqüilidade, onde o projeto pôde crescer. Para onde hoje é o Rio Grande do Sul retornaram a partir de 1682.

Este novo modelo fazia com que as ferramentas e os meios de produção, em vez de pertencerem a particulares, eram propriedade coletiva; as classes e o Estado foram abolidos. Os trabalhadores da indústria e da agricultura formaram uma associação livre de trabalhadores que se administrou economicamente. A economia local organizada, segundo um plano, baseou-se numa técnica aperfeiçoada, tanto na indústria como na agricultura. Não houve oposição entre a cidade e o campo, entre a indústria e a agricultura. Os produtores foram repartidos segundo a regra “De cada um, segundo suas capacidades, para cada um, segundo as suas necessidades”. A ciência e as artes foram colocadas em condições suficientemente favoráveis para chegarem a seu pleno florescimento. A personalidade dos guaranis isenta de preocupações da existência cotidiana e da necessidade de comprazer aos poderosos deste mundo, acabaram realmente livres.

O Padre Lugon, em seu livro, disse que foi a mais original das sociedades realizadas. Paul Lafargue, em conjunto com Bernstein, Kautski, Plechanov explica que o projeto constituiu um das experiências mais extraordinárias, que jamais tiveram lugar. Também Charlevoix e Muratori reconheceram-na como um modelo sem precedentes de sociedade cristã. A revista Lês Lettres Edificantes et Curieuses, dirigida pelos jesuítas, comparava os guaranis aos primeiros cristãos e descrevia suas comunidades como a realização ideal do cristianismo. Voltaire afirmou que o projeto Jesuítico-Guarani foi um “triunfo da humanidade”. O Abade Carbonel chamou de “coletivismo espontâneo”. Pablo Hernandez na Organización Social de lãs Doctrinas Guaranies, escreve que o maravilhoso surge a cada passo. O filósofo Rayal escreveu: "Aí se observavam as leis, reinava uma civilidade exata, os costumes eram puros, uma fraternidade feliz unia os corações, todas as artes de necessidade estavam aperfeiçoadas. A abundância era ai universal. Teve a graça das crianças, uma pureza repleta de candura. O mundo novo que estamos procurando realizar não pode menosprezar a lição fornecida."

Dois padres cuidavam da vida religiosa e temporal de mais de dois mil índios em cada redução, naquela fase inicial. Assim que uma tribo aceitava renunciar à vida nômade e se descobria uma localização favorável, era preciso construir, semear, comprar gado. Os padres expunham-se pessoalmente, labutando duro.



Com o deslocamento das reduções e a conseqüente exploração dos ervais, madeiras preciosas e estâncias, ocorreu o desenvolvimento. A localização final ficou estabelecida com oito reduções onde hoje está o Paraguai, 15 na Argentina, nas Províncias de Misiones e Corrientes e finalmente Sete do lado brasileiro, no noroeste do Rio Grande do Sul, onde hoje chamamos de Região das Missões. O número de habitantes chegou a quase 150.000.

Pelas eleições escolhiam seus alcaides, fiscais e outros ministros, e por este exercício adquiriram um sentimento de autonomia nacional e de responsabilidade em face do bem comum. Elegiam-se também chefes de setores “escolhidos entre os mais fervorosos cristãos”. O comércio exterior era também responsabilidade da confederação. As mais belas tradições de ajuda mútua e de amizade reinavam entre as diversas reduções e as diversas regiões. Os guaranis não eram desviados do mal pelo medo de punições, mas atraídos pelo bem em razão do ambiente social, pelo exemplo de todos e pela emulação.

Quanto à agricultura os índios tiveram que abandonar a vida nômade para se fixarem às reduções, as condições do território eram de excelentes terras. O clima era saudável. Canais de irrigação levavam a água aos campos. Cada redução tinha no mínimo oito imensas hortas comunais, os pomares estavam povoados de frutas. Foram concebidas e fabricadas as ferramentas necessárias. Muito rapidamente, as reduções constituíram o conjunto agrícola mais completo e melhor organizado da América. Quanto à pecuária só São Miguel abatia 40 rezes por dia para o consumo dos habitantes. Charlevoix assegura que o mérito do êxito alcançado cabia aos guaranis, como aos missionários da Companhia.

Quanto à introdução da indústria, foi muito mais difícil que a da agricultura. No princípio produziram vestuário, habitação, ferramentas agrícolas e transportes, as forjas e fundições vieram depois e tiveram muito sucesso. Todas as profissões artesanais tinham sido introduzidas e prosperavam. Fabricavam relógios, clarinetes, trompetes e tantos outros como nas melhores fábricas da Europa. A primeira oficina de impressão da Prata foi da República Guarani. Triunfaram em todas as artes. Montesquieu diz que o Estado Guarani foi o único estado industrial daquele período na América do Sul. Fundiram o ferro a partir das rochas encontradas na região e chegaram à siderurgia do aço.



Nas artes o Barroco fez-se pleno, mostravam-se sensíveis e acessíveis, possuíam naturalmente ouvido apurado e um singular gosto pela harmonia, aprenderam a tocar todo o tipo de instrumento, compunham músicas. O Padre Ripário diz que se não tivesse à vista os músicos acreditar-se-ia que as melhores orquestras da Europa estavam de passagem pelas Índias. Quanto à pintura e escultura eram de excelente qualidade.

O abastecimento, a armazenagem de produtos e sua distribuição eram assegurados pelos serviços comunais, sem qualquer intermediário comercial privado. A população obtinha os artigos sem dinheiro, nem qualquer espécie de moeda. Muratori afirmou que “Um dos mais sólidos fundamentos da paz e da união que reinam entre estes índios é a privação completa em que estão de espécies de ouro e prata, assim como em qualquer espécie de moeda”. A profissão de comerciante não existia.

O comércio externo era coordenado por um padre que estava em Buenos Aires , o transporte fazia-se principalmente por via fluvial em barcos à vela ou remo. Uma rede de estradas pavimentadas também fora criada. Os principais artigos exportados pelas reduções eram o mate, o fumo, o algodão, o açúcar, os tecidos de algodão, os bordados, as rendas, os objetos trabalhados em torno, mesas, armários, e baús de madeiras preciosas, esculturas, peles, curtumes e arreios de couro, rosários e escapulários, mel, frutas de todas as espécies, cavalos, mulas, e carneiros, assim como e excedente de diversas indústrias. Todos eram vendidos à Europa, Corrientes, Santa Fé e Vila Rica. Importavam produtos manufaturados e metais. Toda a produção era orientada para a satisfação das necessidades do todo.

Quanto à questão da propriedade o Padre Florentin de Bourges diz: “todo o solo pertencia à comunidade e era indivisível. Os bens são comuns, a ambição e a avareza são vícios desconhecidos, e não se registra entre eles litígios nem processos de divisão... Nada me pareceu mais belo do que a maneira como se provê à subsistência de todos os habitantes do povoado. Os que fazem a colheita são obrigados a transportar todo o cereal para os armazéns públicos, seguidamente funcionários fazem a distribuição pelos chefes de bairro, e estes pelas famílias, dando a cada uma, mais ou menos, segundo seja ela mais ou menos numerosa”.

Padre Cardiel registrou que os Guaranis não têm de seu, vacas, bois, cavalos, ovelhas ou mulas, e somente as galinhas. Tudo era comum entre eles. O Padre Antonio Sepp, quando da demarcação dos lotes na transferência de parte do povo de São Miguel para a nova terra disse que não houve qualquer conflito, pois não havia demarcação de qualquer limite, todavia encontrando indiferença, visto a satisfação com o regime de comunidade integral.

Quanto ao trabalho, em regra os guaranis não trabalhavam mais do que 6 horas diárias. Habitualmente iniciavam suas tarefas às nove horas, depois da missa, e as concluíam durante à tarde. Thomas Morus reconheceu que quando toda a comunidade trabalha este tempo é suficiente para o desenvolvimento da mesma. A comunidade atuava também como elemento de alegria no trabalho. De manhã os grupos desfilavam nas ruas e dirigiam-se para o campo ao som da flauta e do tambor, transportando com grande pompa a imagem de Santo Isidro, patrono dos agricultores. Pela tarde, no regresso, cantavam em coro suas canções de marcha.

Para a avaliação do trabalho, em geral, bastava acompanhar o ritmo médio. Aquele que não quer trabalhar não deve comer, aquele que não pode trabalhar deve comer. Os velhos, viúvas, órfãos, doentes eram mantidos a expensas da comunidade. Em uma carta dirigida ao governador de Buenos Aires, logo após a expulsão dos Padres, o Cabildo de São Luis diz: “Não somos escravos e queremos fazer ver que não gostamos do costume espanhol que quer “cada um por si”, em vez de se ajudarem mutuamente em seus trabalhos cotidianos”.

Adoravam o teatro e a dança, organizando grandes apresentações. O jogo de bola recebia todas as atenções, conforme o Padre Cardiel, os guaranis foram efetivamente os inventores do futebol, as bolas eram de borracha, feitas de resina de madeira. Jogavam com os pés.

A educação recebia uma atenção muito especial, pois dependia a prosperidade da República. Todas as crianças eram obrigadas a ir a escola pelo menos até os 12 anos. A igualdade notava-se pelo vestuário. Homens e mulheres recebiam em princípio, um trajo por ano, as crianças dois. O tecido e o corte eram uniformes para todos. O mesmo princípio de igualdade fazia com que não houvesse pobres entres eles.

A fé cristã implantou-se a custa de suor e sangue dos missionários. O caráter fraternal das instituições guaranis e, na base, do seu regime de propriedade, explica principalmente o fervor religioso e cristão sem par que reinou durante mais de um século e meio. O homem não era forçado a ser egoísta. O seu interesse pessoal coincidia normalmente com o bem da comunidade.

Em 1750 a República Guarani parecia ter atingido o seu mais alto ponto de esplendor. A cédula real de 1743 reconhecia seu lealismo e devoção à Coroa, porém em 13 de janeiro de 1750 ocorre o Tratado de Madri, que trocava os 7 Povos do lado esquerdo do Rio Uruguai pela Colônia de Sacramento, portuguesa, levando à Guerra Guaranítica ocorrida entre os anos 1754 a 1756, onde no dia 7 de fevereiro ocorre a morte do Cacique Sepé Tiaraju e no dia 10 a Batalha de Caiboaté, onde ocorreu a quebra de palavra dos exércitos de Portugal e Espanha, pois ocorreu o empenho de palavra de que a batalha ocorreria apenas 3 dias depois, mas os guaranis foram traídos, com isto ocorreu a morte de 1500 dos principais caciques e líderes índios, rompendo a segurança das Reduções, resultando na tomada pelos exércitos de Portugal e Espanha.

Finalmente em 1767 e 1768, o rei da Espanha Carlos III, assinou os decretos de expulsão dos Jesuítas das terras da América e das Colônias espanholas e finalmente em 1773 ocorre à supressão da Companhia de Jesus. No Paraguai as tropas que substituíram os Jesuítas desonraram-se com atos de violências. O povo guarani descendentes daquele período continua vivo nas aldeias ou formando os pobres do Rio Grande do Sul e América latina.




Hoje se pode ver o que restou deste grande projeto em uma visita ao Patrimônio Histórico Cultural da Humanidade de São Miguel das Missões, único do Sul do Brasil, mas também em outros sete locais missioneiros na parte brasileira. Também andar a cavalo em fazendas ou andar 13 dias pelo Caminho das Missões. Depois, passa-se ao lado argentino e paraguaio, completando a visita turística ao Circuito Internacional das Missões Jesuítico-Guarani da América do Sul, com 7 Patrimônios do Mundo pela Unesco.

Crédito Texto: José Roberto de Oliveira

17 de outubro de 2015

E-book “Instituições Culturais: região das Missões”, volume 1

A publicação "Instituições Culturais: a região das Missões" tem o objetivo de difundir a história e o contexto social de criação ou estabelecimento das principais instituições culturais na histórica região das Missões.


Por meio de textos escritos por pesquisadores convidados, são relatados a história de constituição e formação das instituições missioneiras.

Neste primeiro volume, estão contidas, além do Museu das Missões, outras três instituições culturais: Centro de Cultura Missioneira – CCM URI Santo Ângelo, com texto de Nadir Lurdes Damiani e Débora Doraiba Menezes; Centro de Criatividade Sãoluizense, apresentado por Sonia Bressan Vieira; Núcleo de Arqueologia do Museu Municipal Dr. José Olavo Machado em Santo Ângelo, com texto de Raquel Machado Rech.

O livro é uma parceria do OMiCult com a Editora Conceito de Porto Alegre.

O Observatório é um coletivo de professores e alunos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Campus São Borja, dos cursos de Relações Públicas – ênfase em Produção Cultural e de Publicidade e Propaganda.
Prefácio 

Ronaldo B. Colvero

1. Centro de Cultura Missioneira: histórico e contexto social e acadêmico
Nadir Lurdes Damiani
Débora Doraiba Menezes Souto

2. Centro de Criatividade São-Luizense: um espaço consolidado de cultura
Sonia Bressan Vieira

3. O Núcleo de Arqueologia do Museu Municipal Dr. José Olavo Machado em Santo Ângelo: uma Instituição Cultural da Região das Missões
Raquel Machado Rech

4. Estudo sobre a trajetória do Museu das Missões IBRAM/MinC
Diego Luiz Vivian

Acesse o e-book completo em: 

16 de outubro de 2015

Documentos históricos: do Tratado de Madri a Conquista dos Sete Povos

No post anterior, publicamos o link contendo os documentos que antecederam a assinatura do Tratado de Madri.

Agora trazemos os documentos que envolvem o período de 1750 a 1802, o período de derrocada das Missões e expulsão dos jesuítas. Em meio aos marcos históricos, aparecem elementos importantes do cotidiano missioneiro.

Esta obra faz parte da “Coleção de obras impressas e manuscritas que tratam principalmente do Rio da Prata” foi reunida pelo militar, professor de história e diplomata Pedro De Angelis (1784 – Nápoles; 1859 – Buenos Aires), durante sua estada na capital portenha, no período de 1820 até 1852. Exilado após a queda de Rosas, De Angelis conseguiu negociar com a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que adquiriu grande parte de sua Coleção.

A Coleção compõe-se de mais de 1.200 documentos manuscritos, produzidos no período compreendido entre o século XVI e o século XIX. São documentos originais e cópias autênticas de relatos, correspondências e processos de vários tipos, que atestam a conturbada história das áreas de fronteira entre as Américas Portuguesa e Espanhola. Parte significativa da Coleção é composta de documentos produzidos pelos jesuítas, que atuaram na América Meridional, nos quais são detalhadas a constituição e o desenvolvimento das reduções. Entre eles, destacam-se inúmeras referências aos grupos indígenas dos Guarani, Gualacho, Guañana, Itatins, Minuanos e Charruas, além de outros. Também estão presentes documentos sobre os Tratados de Limites, estabelecidos entre Portugal e Espanha, a partir de 1750, e os impactos da demarcação de fronteira entre os grupos nativos.

14 de outubro de 2015

Documentos históricos: Antecedentes do Tratado de Madri



Pondo fim oficialmente ao Tradado de Tordesilhas, o Tratado de Madrid definiu os limites territoriais das colônias de Portugal e Espanha na América do Sul.

A obra é um livro sobre os antecedentes do tratado abordando questões como as expedições jesuíticas, as Missões e a relação entre o Estado espanhol e o Estado português.

São documentos da época que facilitam o entendimento das circustâncias que antecederam a assinatura do tratado de Madri e que expõem fatos do cotidiano missioneiro.

Esta obra faz parte da “Coleção de obras impressas e manuscritas que tratam principalmente do Rio da Prata” foi reunida pelo militar, professor de história e diplomata Pedro De Angelis (1784 – Nápoles; 1859 – Buenos Aires), durante sua estada na capital portenha, no período de 1820 até 1852. Exilado após a queda de Rosas, De Angelis conseguiu negociar com a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que adquiriu grande parte de sua Coleção.

A Coleção compõe-se de mais de 1.200 documentos manuscritos, produzidos no período compreendido entre o século XVI e o século XIX. São documentos originais e cópias autênticas de relatos, correspondências e processos de vários tipos, que atestam a conturbada história das áreas de fronteira entre as Américas Portuguesa e Espanhola. Parte significativa da Coleção é composta de documentos produzidos pelos jesuítas, que atuaram na América Meridional, nos quais são detalhadas a constituição e o desenvolvimento das reduções. Entre eles, destacam-se inúmeras referências aos grupos indígenas dos Guarani, Gualacho, Guañana, Itatins, Minuanos e Charruas, além de outros. Também estão presentes documentos sobre os Tratados de Limites, estabelecidos entre Portugal e Espanha, a partir de 1750, e os impactos da demarcação de fronteira entre os grupos nativos.

Confira a obra completa, disponibilizada pela biblioteca Nacional, no link: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mss1019247/mss1019247.pdf

3 de outubro de 2015

Adamovich, Vida e Obra


Documentário sobre o escultor austríaco Valentim Petrus Emmerich Stephan Von Adamovich, um grande artista que deixou sua marca da região missioneira.
Posted by Pousada das Missões - RS on Sábado, 3 de outubro de 2015

17 de agosto de 2015

Você Sabia? ~ Missões parte 5



As oficinas de esculturas ou “talleres” das Missões eram os locais onde os escultores aprendiam, com seus mestres, a produzir imagens em madeira para adoração ou para ornamentação da igreja da Redução. Foram utilizadas diversas espécies de árvores como o tayi, o urundey, quebracho e especialmente o cedro. As imagens de talha eram policromadas, com cores vivas, extraídas de plantas e de minerais e algumas tintas vinham da Europa.
Ainda há diversas peças preservadas nos trinta povos. São peças em estilo barroco, a partir de 3 cm de altura até mais de dois metros. Ao visitar as Missões, repare que muitas das imagens esculpidas na região têm traços indígenas.



As roupas de uso comum eram feitas nas oficinas. Homens e mulheres recebiam um traje por ano e as crianças dois. O tecido e o corte eram uniformes.
Os homens trajavam um gibão e culote, semelhantes à roupa dos espanhóis e, por cima, uma blusa de pano branco. Os índios não se acostumaram ao uso de meias e sapatos, usando somente em ocasiões especiais, segundo cartas da época. Para festividades e guerras, usavam trajes militares.
A mulher missioneira usava o "tipoy", que era um tipo de vestido formado por dois panos costurados entre si, deixando sem costurar apenas duas aberturas para os braços e uma para o pescoço. Na cintura, usavam uma espécie de cordão, chamado "chumbé". O "tipoy" era feito de algodão cru. Em ocasiões festivas, usavam um "tipoy" de linho sobre o de uso diário. Apenas nas vestes religiosas, sobretudo nas procissões, as índias usavam mantos de outras cores.
Após o final do período missioneiro, os trajes evoluíram com mudanças graduais até a vestimenta tradicional gaúcha.

16 de agosto de 2015

Você Sabia? ~Missões parte 4


A criação de gado fazia-se em grandes estâncias longe dos povos. A estância de São Miguel, por exemplo, ia até o atual Uruguai, passando por Santa maria e Bagé, distante quase 600 km. Nessas estâncias também se criavam cavalos, ovelhas, cabras, porcos, galinhas. A propriedade era sempre da comunidade. Em 1709, os jesuítas fundaram a Vacaria dos Pinhais, em terras do atual município de Vacaria. Acredita-se que no seu auge as Missões possuíam mais de um milhão de cabeças de gado. Após a expulsão dos jesuítas, todo o gado distribuído pela região tornou-se, por muito tempo, a base da economia gaúcha, formador do tropeirismo, estâncias e charqueadas.

Nessa época, não havia fábricas, mas oficinas, e todos trabalhavam sob a orientação de um mestre. Entre eles, destacamos o Padre Antônio Sepp, que incentivou a música, a botânica e iniciou a fundição de ferro e aço; José Brasanelli, arquiteto e famoso escultor; e João Batista Primolli, responsável por grandes obras, como a igreja de São Miguel Arcanjo.
Artes plásticas, como a escultura, alcançaram grande nível. Nas oficinas fabricava-se todos os instrumentos necessários para o cotidiano, a agricultura e as construções, além de instrumentos musicais. Imprimia-se livros, produzia-se escultura, pintura, tecidos, pigmentos, metais, materiais em barro e couro. Inclusive os teares ocuparam as oficinas, servindo-se da lã e do algodão como matéria prima. Montesquieu chamou as Missões de "primeiro estado industrial da América".

15 de agosto de 2015

Você sabia? ~ Missões parte III


O plano urbanístico de cada redução estava assim constituído:
Toda redução tinha a igreja como prédio mais importante e a praça como centro, sendo o lugar onde se realizavam as festas, torneios e exercícios militares.
Em fileiras paralelas, as casas dos índios cercavam a praça, feitas de pedra, com alpendres e cobertas por telhas. As casas não tinham janelas, mas tinham de 6 a 8 portas de cada lado.
Junto à igreja ficavam a residência dos padres, o colégio, as oficinas e o Cotiguaçu (abrigo para viúvas e órfãos). O cemitério era dividido em quatro áreas (para enterrar homens, mulheres, meninas e meninos). Os padres eram enterrados na igreja.
O Cabildo (administração dos índios) contornava a praça. Atrás da igreja se cultivava a quinta (pomar e horta). Algumas missões tinham portaria, Tambo (hospedaria para visitantes), capela e até clausura.





São João Batista destacou-se por ser a primeira fundição de ferro e aço no atual território brasileiro e pelo grande desenvolvimento das habilidades artísticas. No povo de São João Batista haviam artistas de todas as profissões, orientados pelo Padre Sepp. Sua presença na região missioneira possibilitou uma rápida evolução das artes em geral e principalmente da música. Foi o local da criação da Harpa Paraguaia.
Segundo cartas da época, a música foi um instrumento na conquista dos povos nativos em todo o território missioneiro. Posteriormente, foram os índios que conquistaram a admiração dos padres pela sua habilidade musical. Cada Redução teve seu coral e orquestra com instrumentos produzidos nas Missões, em São João, contava com mil índios.

Você Sabia? ~ Missões parte II


Paraguai:
San Ignacio Guazú (1609)
Encarnación de Itapua (1615)
San Cosme y Damián (1632)
Santa María de Fe (1647)
Santiago (1651-1669)
Jesús de Tavarangue (1685)
Santa Rosa de Lima (1698)
La Santísima Trinidad de Paraná (1706)
Argentina:
Nuestra Señora de Loreto (1610)
Concepción de la Sierra (1619)
Corpus (1622)
Santa María la Mayor (1626)
Yapeyú (1627)
San Javier (1629)
La Cruz (1630)
San Carlos (1631)
San Ignacio Miní (1632)
Santo Tomé (1632)
Nuestra Señora de Santa Ana (1633)
Candelaria (1637-1665)
Apóstoles (1638)
San José (1638-1660)
Mártires (1639)
Brasil:
São Francisco de Borja (1682)
São Luiz Gonzaga (1687)
São Miguel Arcanjo (1687)
São Nicolau (1687 – segundo ciclo)
São Lourenço Mártir (1690)
São João Batista (1697)
Santo Ângelo Custódio (1706-1707)
Coloca esta história no teu roteiro, vem conhecer as Missões!


Cartas dos padres mostram os critérios para escolha dos locais: topografia suave; presença de depósitos aluviais férteis; que não tivesse pântanos; que houvesse zonas de mata e campos relacionados com diferentes estruturas e cursos d’água possíveis de serem canalizados e devidamente utilizados pela população. As reduções geralmente eram voltadas para o norte, a exceção é Santo Ângelo Custódio, voltada para o sul.
Escolhido o local, com alguns índios, iniciavam as plantações e primeiras construções. Só depois vinham as famílias. A terra da missão era propriedade que não pertencia nem a indivíduos, nem a famílias, nem a cacicados em particular, mas a todos da redução.


3 de agosto de 2015

Você Sabia? Missões ~ Parte 1


Dessa primeira fase não restaram vestígios arquitetônicos, devido ao material usado nas construções. Esses povoados não...
Posted by Pousada das Missões - RS on Sábado, 1 de agosto de 2015


Depois do primeiro ciclo missioneiro, jesuítas e Guaranis só retornaram às Missões Orientais (a leste do rio Uruguai) a...
Posted by Pousada das Missões - RS on Domingo, 2 de agosto de 2015

23 de julho de 2015

Missões do Guairá

Você sabia que muito antes da existência dos "Sete povos das Missões", ocorreram outras tentativas de colonização missionária no sul do Brasil? Conheça as Missões do Guairá, que ficaram no atual território do Paraná!


Entre 1610 e 1628 foram criadas 15 missões jesuíticas no Guairá, sendo 4 delas com índios Jê e as demais com Guarani:
- 1610: Nuestra Señora de Loreto, San Ignacio Mini
- 1624: San Francisco Xavier
- 1625: San Joseph, Nuestra Señora de Encarnación
- 1626: Santa Maria La Mayor
- 1627: San Pablo del Iniaí, Santo Antonio, Los Angeles, San Miguel, San Pedro, Concepción de Nuestra Señora de Guañaños
- 1628: San Thomas, Ermida de Nuestra Señora de Copacabana, Jesus-MariaAlgumas dessas missões existiram por apenas dois anos e até 1631 todas tinham sido destruídas ou abandonadas.



12 de julho de 2015

Papa cita as Missões Jesuíticas como exemplo de sociedade em visita ao Paraguai

O Papa Francisco chegou nesta sexta-feira (10) no Paraguai, onde encerra sua viagem na América do Sul. O Papa já passou pelo Equador e pela Bolívia nesta que é a nona viagem internacional de seu pontificado. Na chegada ao Paraguai, em Assunção, o Papa foi recebido com Hinos das Reduções jesuíticas.

Após a recepção, foi apresentado um espetáculo multimídia nos jardins do palácio do governo, dirigido por Luis Szaran, que mostrou obras de arte missioneiras, música barroca e arquitetura da época Jesuítico-Guarani. 

Na tarde do dia 11, em reunião com a sociedade civil no Palácio dos Esportes León Condou, o Papa citou as reduções da Companhia de Jesus na América Latina como interessante exemplo de sociedade. “Paraguay es conocido en el mundo por haber sido la tierra donde comenzaron las reducciones, una de las experiencias de evangelización y organización social más interesantes de la historia”, disse.



Nelas, disse o pontífice, “el Evangelio fue alma y vida de comunidades, donde no había hambre, ni desempleo, ni analfabetismo, ni opresión”. “Esta experiencia histórica nos enseña que una sociedad más humana también hoy es posible”.

Bergoglio, em seguida, convidou os jovens a ouvir os mais velhos e avós “porque sus memorias de vida pueden enseñas mucho" e propôs o diálogo “cómo medio para forjar un proyecto de nación que incluya a todos”.

Francisco citou a experiência das missões paraguaias como um exemplo do sistema econômico e social que se preocupa com o bem comum, em vez de interesses individuais, e cria uma sociedade inclusiva na qual os pobres não são marginalizados. É o tipo de sistema financeiro em que o papa tem insistido várias vezes nesta viagem para corrigir o “perverso” sistema financeiro global existente.


“Cuando hay amor al hombre, y voluntad de servirlo, es posible crear las condiciones para que todos tengan acceso a los bienes necesarios, sin que nadie sea descartado”, disse ele.

Francisco fez estas declarações apenas alguns dias depois de emitir um longo pedido de desculpas pelos pecados e crimes cometidos pela Igreja Católica contra os povos indígenas do continente, um gesto que provocou aplausos de uma multidão de grupos indígenas e civis na vizinha Bolívia, que também teve Reduções jesuíticas no período colonial. "Alguns podem dizer que quando o Papa fala de colonialismo, ele se esquece de algumas ações da Igreja. Mas eu digo isso a vocês com lamento: muitos pecados foram cometidos contra os povos latinos em nome de Deus", afirmou, na noite desta terça-feira, o primeiro Papa latino-americano da História. "Eu humildemente peço perdão, não apenas pelas ofensas da Igreja em si, mas também pelos crimes cometidos contra povos nativos durante a chamada conquista da América".

Como previsto, o Papa Francisco rezou o Pai Nosso em Guarani durante a missa realizada também no dia 11 no santuário de Caacupé, onde fica a imagem de N. Sra. de Caacupé, esculpida por um índio Guarani por volta de 1600. 


Pai nosso (Padre Nuestro) em Guarani: "Ore Ru, yvágape reiméva, toñembojeroviákena nde réra, Taoreañuamba nde mborayhu, tojejapo ne rembipota ko yvy ári yvágape guáicha.
Eme’ẽ oréve ko árape ore rembi’urã, opa ára roikotevẽva; Ehejareíkena oréve ore rembiapovaikue, rohejareiháicha ore rapichápe hembiapovaikue orendive.
Aníkena reheja roike rojepy’ara’âvai haguáme, ha orepe’a opa mba’e vaígui.
Taupéicha
."


Uma comitiva da Associação dos Municípios das Missões está no Paraguai para realizar um convite para que o pontífice visite as Missões Jesuíticas do território brasileiro.


10 de julho de 2015

Documentário "PARAQUARIA: La Provincia Jesuítica del Paraguay"

Nestes dias em que um Jesuíta, agora como Francisco nos revaloriza, por favor assistam. É o primeiro de muitos que estão sendo produzidos.https://www.youtube.com/watch?v=d9Q3r-NiTSQ&feature=youtu.be

Posted by Pousada das Missões - RS on Sexta, 10 de julho de 2015

25 de junho de 2015

Missões: muito além dos Sítios Arqueológicos (parte I)

Conhecer à região das Missões vai muito além de visitar os Sítios Arqueológicos. Há diversas opções de passeios místicos e culturais que podem enriquecer ainda mais a viagem e ampliar a percepção de quem visita a região. A partir de hoje traremos diversas outras opções de passeio cultural, religioso, místico, aventura e rural, para viajantes de todos os gostos.


São Miguel das Missões
Assistir ao Espetáculo Som e Luz:

Ver o show diário, tendo a Igreja de São Miguel como palco, que conta a história das Missões através das duas testemunhas que permanecem no local: a Igreja e a Terra. O espetáculo inicia ao anoitecer e reproduz o sentimento histórico da região.
Ingressos: R$ 5,00 (Adultos) e R$ 2,50 (Estudantes e maiores de 65 anos).


Caibaté
Conhecer o Santuário do Caaró:

O Santuário homenageia a morte dos santos missioneiros Roque González, Afonso Rodrigues e João de Castilhos, ocorridas em 1628. Aqui são recebidos milhares de pessoas em romarias e peregrinações que buscam a água, reconhecida como milagrosa.
Localizado a 16 km do centro de Caibaté, S/N Horários: De segunda a sexta feira, das 8h - 11h30min; 13h30min - 18h


Roque Gonzales
Santuário Assunção de Ijuí:

Em 15 de agosto de 1628 Roque Gonzales rezou uma missa e aqui fundou a redução jesuítica de Assunção de Ijuí. No dia 18 de novembro 1628 ele foi morto em Caaró; dois dias depois, o Padre João de Castilhos foi morto em Assunção de Ijuí.


Santo Ângelo
Catedral Angelopolitana:

A catedral foi construída em 1929, mantendo algumas semelhanças com a igreja da redução de São Miguel Arcanjo; em seu interior encontra-se uma imagem do cristo morto, do período jesuítico-guarani.


São Luiz Gonzaga
Igreja Matriz de São Luiz Gonzaga:

A construção foi iniciada em 1931 e concluída em 1957, devido à complexidade de seu projeto arquitetônico, que envolvia vários estilos, com predominância do neo-gótico. No seu interior, encontra-se uma coleção constituída por doze imagens de madeira policromada do período jesuítico-guarani, ainda hoje objeto de culto. Destaque para duas imponentes imagens: um São Luiz Gonzaga e um Cristo crucificado transformado em Senhor morto pelos fiéis. A igreja se destaca também por seus belíssimos vitrais.


São Luiz Gonzaga
Santuário a Nossa Senhora de Lurdes:

Em 1924, Luiz Carlos Prestes acampou com sua tropa, por dois meses, em São Luiz Gonzaga. As forças legalistas aproximavam-se da cidade. Temendo um combate sangrento, um grupo de senhoras dirigiu-se à Igreja Matriz para rezar e, junto com Monsenhor Wolski, fizeram uma promessa de que se não houvesse combate entre os revoltosos da Coluna Prestes e os Legalistas, ergueriam uma gruta na parte mais alta da cidade, colocando aí a imagem de Nossa Senhora de Lurdes. A graça foi alcançada e a promessa cumprida, em 1956.


Santo Ângelo
Capela Verzeri

A Capela Madre Teresa Verzeri faz parte do complexo educacional das irmãs do Sagrado Coração de Jesus, estabelecidas em Santo Ângelo desde a década de 1930. Está situada no interior do prédio do Colégio Teresa Verzeri, com acesso por escadarias a partir de sua entrada principal. A construção da capela deu-se em 1951. As pinturas decorativas são do pintor italiano Emílio Sessa.


Santo Ângelo
Santuário de Schoenstatt

Local de peregrinação religiosa que integra um conjunto de Santuários espalhados pelos cinco continentes. A pedra fundamental colocada atrás do pequeno templo é remanescente da igreja da Redução de Santo Ângelo Custódio, simbolizando um vínculo com a primeira evangelização ocorrida na região missioneira.


Cerro Largo
Museu 25 de julho

Fundado, em 25 de maio de 1952, com o objetivo de fomentar a cultura e zelar pela preservação da história do município. O museu abriga em torno de 4.000 peças, com destaque para os temas: Reduções Jesuíticas e imigração Alemã.


Roque Gonzales
Casa da Cultura Terra e Sangue das Missões

Recentemente construída, a Casa abriga um auditório, a futura Biblioteca Municipal e o Museu Municipal Irene Zuchetto Ramos. São atrações do museu: a exposição de fragmentos e peças arqueológicas jesuítico-Guarani (1626-1637) e de objetos da colonização alemã e italiana.
Endereço:Rua Pe. Anchieta, 72Horários:Aberto a visitação de segunda a quinta-feira das 8h – 11h30min e 13h – 17h30min e sexta-feira das 8hInfos:com Marisa Mallmann pelo fone (55) 3365-1000Outros:Visita guiada opcional. Entrada franca

24 de junho de 2015

Missões

Existe um lugar onde culturas absolutamente diferentes se encontraram e se complementaram, ... um interesse comum.
Um lugar onde pessoas vivendo o neolítico e a modernidade se encontraram.
Onde violinos, órgãos e até harpas foram construídos, aprendidos e tocados.
Onde a escultura atingiu um nível de qualidade elevadíssimo.
Onde o que era produzido era de todos e para todos.

Sim, este lugar existiu, e cada um que tiver a oportunidade de conhecer esta história, inevitavelmente se surpreenderá. Naturalmente, um lugar assim, em tempos de monarquia e colonização, gerou dúvidas, intrigas e guerra.

Há mais de 400 anos, em terras do Brasil, Argentina e Paraguai, Jesuítas e Guaranis construíram uma história sem precedentes, que encanta a cada nova descoberta. E ainda há muito para se descobrir.

Não há dúvidas, o legado missioneiro está presente na escultura, na arquitetura, nos patrimônios materiais, que saltam aos olhos. Porém, a maior herança está presente na maneira de ser dos herdeiros desta história, nos elementos básicos da cultura gaúcha, argentina e paraguaia, nos heróis, no imaginário e na fé.

Vem conhecer as Missões:

Argentina
Nuestra Señora de Loreto (1610)
Concepción de la Sierra (1619)
Corpus (1622)
Santa María la Mayor (1626)
Yapeyú (1627)
San Javier (1629)
La Cruz (1630)
San Carlos (1631)
San Ignacio Miní (1632)
Santo Tomé (1632)
Nuestra Señora de Santa Ana (1633)
Candelaria (1637-1665)
Apóstoles (1638)
San José (1638-1660)
Mártires (1639)

Brasil
São Francisco de Borja (1682)
São Luiz Gonzaga (1687)
São Miguel Arcanjo (1687)
São Nicolau (1687)
São Lourenço Mártir (1690)
São João Batista (1697)
Santo Ângelo Custódio (1706-1707)

Paraguai
San Ignacio Guazú (1609)
Encarnación de Itapua (1615)
San Cosme y Damián (1632)
Santa María de Fe (1647)
Santiago (1651-1669)
Jesús de Tavarangue (1685)
Santa Rosa de Lima (1698)
La Santísima Trinidad de Paraná (1706)

27 de maio de 2015

História da Cruz Missioneira!

Herdeira das tradições da Cruz de Caravaca, a Cruz Missioneira é o principal símbolo místico e religioso representante do cristianismo entre os povos nativos das regiões fronteiriças do Mercosul, locais onde frutificou a “Terra Sem Males”. Ela tem seu principal ícone na Cruz que está localizada dentro do sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, no município de São Miguel das Missões, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foi construída pelos primeiros cristianizadores em pedra arenito com a mão-de-obra dos índios guaranis, a partir do modelo trazido de Caravaca de La Cruz, Província de Múrcia, localizada na Espanha, hoje um dos locais santos da humanidade, que inclusive concede indulgência plenária. Missões é uma região encantada e mágica, encontro de caminheiros que buscam o seu caminho espiritual; o lugar do encontro. Seus sítios são reconhecidos como possuidores de grandes energias. Desde os primeiros tempos do cristianismo nas terras americanas o povo vem usando a Cruz Missioneira como um poderoso símbolo afugentador dos males do corpo, do espírito e também das forças da natureza. Como símbolo da presença de Cristo, a Cruz Missioneira, vem sendo estuda por pesquisadores sobre seus efeitos místicos. O uso deste poderoso instrumento tem se intensificado a partir de muitas comprovações positivas nas quais têm sido relatados estados de paz, harmonização espiritual e recuperação da confiança. Ela é um dinamizador dos processos espirituais internos e pode ser usada como uma chave interligadora com as vibrações positivas do universo. Como um símbolo conectador com as questões relativas à espiritualidade, relaciona-se com as preces no sentido de elevar a alma a Deus.
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19 de dezembro de 2013

Uma semana inesquecível para as Missões

A última semana foi muito importante para toda a região missioneira. Os 30 anos do tombamento das Ruínas de São Miguel como Patrimônio Cultural da Humanidade e 75 anos como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional foram comemorados no dia 9 de dezembro em São Miguel das Missões e, em paralelo, diversos eventos permitiram vivências artísticas, científicas e culturais variadas.

 


Pudemos ver o sítio adormecer ao som da harpa paraguaia e ver a Pousada amanhecer ao som dos violinos; Ouvir a OSPA tocar Gabriel's Oboe em pleno Sítio Arqueológico; Ouvir Pedro Ortaça e família cantarem o amor pelas Missões; Aprender com ícones das áreas da Arqueologia, Turismo, História e Cultura no Seminário Internacional Missões. Foram momentos únicos e inesquecíveis, verdadeiros marcos para todos aqueles que se encantam com as histórias desta terra e lutam pelo desenvolvimento regional.

Coral Indígena Tekoa Koenju, Aldeia Alvorecer em São Miguel das Missões



As diferentes programações contaram com a presença de representantes das esferas municipal, estadual e federal, membros do poder público e privado ligados a diferentes áreas de atuação.

Em Santo Ângelo-RS: Coral Indígena Tekoa Koenju, Aldeia Alvorecer


A programação abrangeu discussões sobre a pesquisa arqueológica, exposição fotográfica missioneira; encontro de benzedeiros, rezadeiros e mateiros; shows regionais diversificados; sessões de cinema nas ruínas; bailes; gincana cultural; Abertura do 5º Gaitaço Missioneiro; apresentações folclóricas e lançamento do curta gaúcho Projeto Missões (que foi exibido no programa Curtas gaúchos da RBS TV também nesta semana).


Curtas Gaúchos RBS TV: "A Guerra dos Mundos",
série 'São Miguel das Missões - Patrimônio Cultural da Humanidade'
Curtas Gaúchos RBS TV: ''Um Sonho ao Sul do Mundo''


A Mostra Internacional de Música nas Missões, que ocorre durante estes dias, teve apresentações diversas tanto em São Miguel das Missões quanto em Santo Ângelo e trouxe ótimas orquestras internacionais e grupos regionais.




Em comemoração aos 30 anos da declaração do Sítio de São Miguel Arcanjo como Patrimônio da Humanidade, ocorreu também o seminário internacional "Missões - Patrimônio da Humanidade: turismo cultural e preservação", realizado em São Miguel das Missões, no Hotel Tenondé. A atividade ocorreu em parceria do Iphan, Setur RS e Prefeitura municipal.




Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA)
emocionou com a performance de Gabriel's Oboe, tema do filme "A Missao"




Novidades:


Diversas inovações foram tema de debates e reuniões. Ocorreu a reunião sobre aquisição de audioguias em sete idiomas para o espetáculo Som e Luz, além de uma versão infantil em português, espanhol e guarani e uma em libras para auxiliar os deficientes auditivos, a partir de convênio já firmado com a Associação Amigos das Missões e Setur RS.


São Miguel das Missões faz parte do PAC das Cidades Históricas, do Ministério do Turismo (Mtur), que prevê melhoras no entorno do sítio histórico, além da construção de um Centro Cultural das Missões, onde haverá um local diferenciado para receber os turistas. Está previsto um investimento de R$ 27,6 milhões a partir do ano que vem.


O Som e Luz também será revitalizado. O som será remasterizado, e a tecnologia LED, incorporada para dar mais qualidade às luzes. O texto vai ganhar versão para inglês e espanhol, não apenas uma tradução simultânea.










Parabéns a todos os organizadores e apoiadores dos mais diferentes eventos que ocorreram nestes dias!






Sem dúvidas, quem é desta terra já sente há muito tempo orgulho de ser missioneiro e busca sempre conhecer mais a história de seus antepassados. Esta semana, porém, deixou este sentimento ainda mais forte, fortaleceu a importância das Missões como Patrimônio de toda a humanidade, trouxe informações técnicas diversificadas sobre nosso passado e expectativa de um futuro melhor para a região.

2 de outubro de 2013

As Missões no filme "O Tempo e o Vento"

Baseado na obra homônima de Érico Veríssimo, o filme "O Tempo e o Vento" estreou nos cinemas de todo o país. A produção, dirigida por Jayme Monjardim, tem no elenco Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, Cleo Pires, José de Abreu, Paulo Goulart e César Troncoso. 


O filme retrata a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do território brasileiro e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas lutas entre as coroas portuguesa e espanhola. Para recontar a saga da família Terra Cambará, no período que se estende das Missões até o final do séculoXIX, Jayme Monjardim usa como eixo a história de amor de Bibiana (vivida por Marjorie Estiano e Fernanda Montenegro) e Capitão Rodrigo (interpretado por Thiago Lacerda). Em meio ao cerco do casarão de sua família pelos Amarais, a já centenária Bibiana Terra Cambará (Fernanda Montenegro), relembra cento e cinquenta anos de história.

Além de ser uma notável história épica, plena de heróis como Capitão Rodrigo e o índio castelhano Pedro Missioneiro, “O Tempo e o Vento” é uma profunda discussão sobre o significado do tempo e da resistência humana diante das guerras.

Na primeira parte de sua trilogia, Erico Verissimo descreveu com riqueza de detalhes a história das Missões, seu apogeu e derrocada, com a Guerra Guaranítica. Esta história aparece no capítulo A Fonte, do livro O Continente, e ocorre na antiga missão de São Miguel Arcanjo, um dos sete povos das Missões.


Logo no início do filme, cenas remetem às Missões Jesuíticas (final do século 18), com a participação de Matheus Costa (Pedro Missioneiro), o uruguaio Cesar Trancoso (Padre Alonzo) e Luiz Paulo Vasconcellos (Cura). As cenas ambientais das reduções jesuíticas, foram feitas em Bagé, com a participação de 50 índios Guarani, oriundos da aldeia Alvorecer, Tekoá Koenju, São Miguel das Missões (RS).





Alguns dos participantes do filme conferindo o resultado:





25 de agosto de 2013

A Grande Experiência

O documentário "A Grande Experiência", produzido pela TV Unisinos, lança uma olhar que busca um diálogo com o passado, e traz ao debate uma das questões mais importantes do início da conquista e colonização na América do Sul: as Missões.

O documentário aborda a história das Missões sob os mais diversos pontos de vista, desde a vida cotidiana nos povos missioneiros, a arte, a fé, a religião, o "modo de ser" Guarani, o passado e o presente destes povos. Além disso, traz grandes questionamentos e reflexões sobre o legado missioneiro. Vale cada minuto!




28 de junho de 2013

Conheça os nomes e significado dos ambientes da Pousada

O plano de tematização para a pousada tem o objetivo de estabelecer uma relação de leitura e apreensão a partir de elementos relacionados à alma e essência histórica deste lugar. Vários painéis de história trazem informações e imagens que mostram aspectos físicos, sócio-econômicos e culturais da história missioneira. Uma abordagem temática  aparece na arquitetura da Pousada, identidade visual, tratamento de mobiliário, ornamentos, artesanato, revestimentos e obras de arte presentes em cada um dos quartos.

Cada um de nossos ambientes de convívio, apartamentos e alojamentos possui um nome relacionado à temática missioneira:

Igá       
         Os Guarani eram argonautas por natureza. Exímios navegadores, podiam navegar grandes distâncias através de rios turbulentos e encaichoeirados. Construir a “Igá” (canoa) era uma tarefa coletiva: da derrubada da árvore ou a retirada da casca, até o seu transporte à aldeia, para esculpi-la.

Nhamandú

O papel central da música na sociedade Guarani é mostrado no mito segundo o qual Ñamandu, o deus Sol, antes de criar a Terra, concebeu primeiramente a linguagem humana. Em segundo lugar, criou o fundamento da relação social baseada na solidariedade, e em terceiro lugar o canto ritual, para somente depois criar o mundo e seus habitantes humanos.

Guǐrapá
        O guirapá é uma arma de arremesso, nunca menor que seu proprietário. Podia medir até 2,5m de comprimento com secção circular ou ovalada. A corda era feita em fibras longas e fortes para resistir à tensão no momento de lançamento.

Caá-poraã
        De  Caá, mato, e Porá, habitante, morador. O Curupira é um caaporá, residindo no interior das matas, nos troncos das velhas árvores. De defensor de árvores passou a protetor da caça. 

Huĭ
        As “huí” (flechas) eram utilizadas para caça e pesca, em vários tamanhos, associadas ou não a arcos e armadilhas.
Keremba
        Guerreiro Guarani.

Ytaiĭ
        É o nome em Guarani do machado de pedra, sendo que Ytá significa pedra. No seixo rolado de basalto é esculpido o gume e posteriormente polido. A lâmina seria engastada no cabo do machado através da abertura de uma cavidade num galho jovem, deixando-a ali até que ela fosse apertada pelo crescimento do galho. Depois o galho era cortado, e alisado com plainas de fragmentos de moluscos.

Tambeó
        “Tambeó” era o nome dado aos adornos de penas, que os Guarani usavam nos braços, tornozelos e cabeça, durante as cerimônias.

Pindá
        Para pescar, os Guarani usavam além das flechas, também espinhas à feição de anzóis (pindá), presas a linhas muito fortes, desfiadas de uma planta a que chamavam tucon.
        

Ibǐrá acãngagŭa
        Conhecido como “pau com cabeça” ou “maça de guerra”, era um significativo instrumento de guerra e de ritual.  Na guerra era empregado como arma de choque no combate corpo a corpo.
        Como peça ritual, era empregado para golpear a cabeça do prisioneiro que seria consumido na cerimônia antropofágica. Confeccionado em madeira dura e pesada, era também pintado e adornado com plumas. 

Yequeá
        Armadilha em forma de cesto trançado com varetas, privada de uma cavidade interna formando um cone de varetas soltas que se abrem para a entrada do peixe e se fecha logo após sua passagem. Na nossa língua se chama nassa.

Tuvichá
        As Tekoa (aldeia Guarani) tinham um chefe chamado “tuvichá”, que poderia ter várias esposas. Era excelente orador e de grande poder de persuasão, gozando de muito prestígio entre os moradores da aldeia.

Panâcũ
        Cesto no qual as índias transportam a colheita da roça, lenha, frutos, etc. São elaborados para durar bastante e feitos com uma trama bem compacta, para não permitir que o conteúdo escape de dentro de seu interior.