30 de julho de 2018

Missões: relatos de viajantes históricos e gravuras das reduções

 

São Luiz Gonzaga:

A Redução de São Luiz Gonzaga foi fundada pelo Padre Miguel Fernandes em 1678, mesmo ano da fundação da redução de São Nicolau e de São Miguel. Então, os índios já catequizados retornavam às suas antigas terras depois da destruição causada pelos bandeirantes, mais ou menos 50 anos antes_explica o professor de História Sérgio Venturini.

Da antiga redução, hoje se tem poucas imagens. Mas, São Luiz Gonzaga era considerado o centro das Missões, por ficar entre São Miguel e São Nicolau, lugar escolhido pelos jesuítas por ser alto, com bastante água e madeira, o que possivelmente foi a matéria-prima para as mais de 10 imagens de santos que hoje estão na igreja matriz da cidade.


As imagens sacras são o testemunho da grandiosidade da Redução de São Luiz Gonzaga. De tamanhos variados, eram recursos para catequizar os índios, assim como a música e o teatro. Não há datas específicas de criação e nem os autores para mostrar que era um trabalho coletivo. E ainda há curiosidades que chamam a atenção.

Santo Ângelo Custódio:

Após a expulsão dos indígenas, a igreja foi destruída e as pedras serviram de base para várias construções. Ela era do mesmo estilo da Igreja de São Miguel das Missões. No local foi feito outra igreja, que com os anos foi interditada e necessitou ser demolida devido rachaduras nas paredes.

 

A Pintura realizada através da gravura divulgada por Furlong,João Carlos Baptista artista plástico residente no Rio de Janeiro.  Gravura, de 1860, talvez a única que registre como teria sido o templo da Redução de Santo Ângelo Custódio (até o momento, as pesquisas e publicações a esse respeito só puderam contar com esta fonte iconográfica), podemos verificar o seu avançado grau de destruição e abandono. Conforme a gravura, vemos que o seu interior estava sendo utilizado como cemitério do povoado.

Alguns viajantes que por aqui passaram, no século XIX, deixaram informações preciosas a respeito da arquitetura deste templo, descrevendo-o já em ruínas, como é o caso de Hemetério Silveira, Saint-Hilaire e Avé-Lallemant. Em março de 1821, o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire esteve visitando a nossa redução, assim descrevendo-a:
“ A única diferença apresentada pela igreja de Santo Ângelo, está em sua posição, pois, no mais é perfeitamente semelhante às de São Borja, São Nicolau, São Luiz e São Lourenço. O convento é, entretanto, menor, a praça tem mais ou menos 180 passos em quadro e além disso ainda existem algumas ruas. A igreja, o curralão e mesmo o convento estão em ruínas e das numerosas casas, seis estão praticamente habitáveis.”
Hemetério Silveira, quando por aqui passou, em 1859, relatou o estado da antiga redução, deixando importantes informações a respeito do templo: “Aos lados da porta principal, existem dois nichos em um dos quais notava-se a estátua de pedra de Santo Inácio de Loyola, paramentado de casula com um livro debaixo do braço esquerdo, o outro nicho tinha uma estátua de São Pedro Nolasco, mas estava decapitada.(SILVEIRA,1979:171).

No ano de 1859, Hemetério Silveira, registrou através de manuscritos os seguintes relatos: ” Aos lados da porta principal, existem dois nichos em um dos quais notava- se a estátua de pedra de Santo Inácio de Loyola, paramentado de casula com um livro debaixo do braço esquerdo, outro nicho tinha uma estátua de São Pedro Nolasco, mas estava decapitada.

Há duas colunas menores únicas existentes das quatro que sustentam o pequeno alpendre sobre o portão de entrada para o colégio.”

Em busca de dados, constatamos que no dia 21 de novembro de 1888, foi abençoada a segunda igreja construída pelo Ramão Carrera, que utilizou as pedras do antigo templo da redução de Santo Ângelo Custódio. O padre Francisco Rositti Morandi mais conhecido naquela época, por padre Chiquinho, o Juiz de Direito da Comarca Dr. Guarita e o Coronel Bráulio Oliveira colocaram a pedra fundamental inaugurando a obra.

Em setembro de 1929, foi instalada a pedra fundamental na obra que veio substituir a antiga igreja matriz. Alexandre Martins da Rosa, Januário Fernandes, Homero Bittencourt, Geraldino Câmera e o padre Henrique Hings foram os idealizadores do projeto arrojado para a época. Em 1955 Valentin Von Adamovich e sua equipe de trabalho concluíram a fachada da igreja. E no ano de 1971, foram concluídas as torres da Catedral Angelopolitana.

O artista plástico Tadeu Martins na década de 90 deu início a pintura da SAGA MISSIONEIRA. Após um ano e sete meses (sempre fechada ao público), em outubro de 2008 a Catedral Angelopolitana foi reaberta ao público com uma belíssima reforma sem vestígios do antigo legado histórico.

São Nicolau:


Em 3 de Maio de 1626, foi fundada a Redução de São Nicolau e rezada a primeira missa em solo riograndense.

No começo de 1683, a Bandeira de Francisco Bueno, investe contra as Reduções, de São Carlo, Todos os Santos, Candelária e São Nicolau, nesta última, houve, um sangrento combate em que os indígenas são totalmente derrotados e, na retirada, os portugueses levam consigo dois mil índios cativos. O que, faz parte do primeiro ciclo da Evangelização Jesuítica.

Em 2 de fevereiro de 1687, fundava-se novamente São Nicolau, com cerca de três mil indígenas, provenientes da planície Argentina. Muitos indígenas que haviam sido derrotados na invasão de 1683, regressaram, trazendo seus apetrechos e trataram de recuperar as taperas, enquanto dedicavam-se à lavoura.

Depois de um ano de intenso trabalho de recuperação, abateu-se sobre o povoado, um intenso furacão, que o destruiu. Voltaram ao trabalho de recuperação, e decorrido mais um ano, um incêndio destruiu novamente a maior parte do povoado. Passadas, porém estas adversidades, o povoado volta a prosperar. Instalaram-se olarias e carpintarias, demarcaram-se as ruas, refizeram-se as casas e o Templo. O Templo construído era majestoso. Não se sabe exatamente quem teria sido o fandador de São Nicolau nesta etapa, o certo, porém, é que o Padre Anselmo de La Mata quem concluiu a Igreja.

São Lourenço Mártir:


O sítio arqueológico de São Lourenço Mártir, foi declarado patrimônio histórico e artístico nacional em 1970. Abriga parte dos remanescentes da antiga redução jesuítica dos Guarani, que foi fundada, em 1690, pelo padre jesuíta Bernardo de La Veja. A população inicial era proveniente da redução de Santa Maria Mayor e atingiu mais de 6.400 habitantes por volta de 1730.

Relatos de cronistas que visitaram o local no início do século 19 se referem à igreja de São Lourenço como uma bela construção, com duas fileiras de colunas de madeira sustentando as naves laterais, cinco altares com ornamentos dourados, uma pia batismal esculpida em arenito e um cruzeiro construído em pedra.

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