Por José Roberto de Oliveira*
No dia 11 de março de 2016, em homenagem aos 375 anos da vitória missioneira na Batalha de M’Bororé, estiveram reunidos os povos da região fronteiriça do MERCOSUL em frente ao rio Uruguai, na cidade de Panambi – Argentina.
O ato histórico iniciou já na madrugada com a descida de canoeiros desde o arroio Acaraguá, que carregavam a imagem de Nossa Senhora que foi levada até ao alto do Penhasco Mbororé.
O evento contou com a presença dos governadores da Província de Misiones da Argentina e do Governador do Departamento de Itapua – Paraguai, além de Ministros, Secretários de Estado e representações de autoridades e comunidade dos três países.
Foi apresentada oficialmente a Bandeira da Nação Missioneira que une os povos missioneiros dos três países. O Padre Jesuíta Ricardo Jaquet relatou os fatos que ocorreram há 375 anos: As forças jesuítico-guarani se prepararam de forma concreta e decisiva para a batalha que estava prevista. Desde 1629 os Bandeirantes atacavam as Missões em busca de mão de obra escrava para suas lavouras de São Paulo e Rio de Janeiro. Durante este período os paulistas foram responsáveis pelo deslocamento de 30 reduções, 18 delas no Rio Grande do Sul, e pela morte de mais de 600.000 nativos na América.
Em 1641, 4.200 guaranis receberam instruções de jesuítas ex-militares – os Irmãos João Cardenas, Antonio Bernal e Domingos de Torres. A operação foi dirigida pelo Padre Romero e as forças defensoras pelos padres Cristovão Altamirano, Pedro Mola, João de Porras, José Domenech, Miguel Gomez e Domingo Suarez. Os guaranis contavam como capitão general Don Nicolau Nenguirú e os capitães Dom Inácio Abiarú, cacique de Nossa Senhora da Assunção do Acaraguá; Dom Francisco Mbayroba, cacique da redução de São Nicolau; e o cacique Arazay do povo de São Xavier.
A vitória dos missioneiros foi tão importante que as 6.000 pessoas da força Bandeirante jamais retornaram a atacar as reduções, mudando sua política expansionista para a busca das minas de ouro e diamante nas Minas Gerais e oeste brasileiro.
O evento realizado recentemente demonstrou a presença do sangue nativo nas aldeias guaranis, também no povo de toda a região, descendentes miscigenados e que formam a base da genética missioneira tri-nacional.
Encerrou mostrando que há atualmente um conjunto de trinta patrimônios arqueológicos, sete dos quais são Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Há também uma série de municípios que nasceram dentro desta territorialidade e que devem conhecer os potenciais históricos, tanto para a expansão do turismo, como para a cultura e educação regionais.
Às 12h ocorreu reunião com autoridades da macrorregião missioneira, onde foi apresentado projeto que está sendo discutido com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID. Este prevê ações de desenvolvimento e integração e está sendo liderado pelo Presidente do Paraguai. Foi elaborada a carta do evento, a qual será usada como pelas autoridades do Brasil, Argentina e Paraguai como instrumento de trabalho para balizar as ações necessárias à realização do planejamento estabelecido.
*José Roberto de Oliveira, Pesquisador, Mestre em Desenvolvimento.
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