7 de abril de 2015

Passeio em São Miguel das Missões é aula de história

Os jesuítas foram os responsáveis pela construção do complexo arquitetônico

A fachada de pedra avermelhada ainda se sustenta, imponente, no meio do gramado verde. Com os olhos fechados, talvez seja possível ouvir na imaginação o burburinho das crianças guaranis, ou a missa rezada com sotaque espanhol. A redução de São Miguel Arcanjo, hoje o município gaúcho de São Miguel das Missões, já assistiu à passagem de mais de três séculos.


Quem alguma vez abriu um livro de História do Brasil deve se lembrar dos jesuítas - padres portugueses e espanhóis que, na América descoberta, organizavam comunidades com o objetivo de catequizar os índios. Além de ter sido importante no Rio Grande do Sul, o movimento se estendeu à Argentina e ao Paraguai.
 

No Brasil, a partir de 1636, esses povoados sofreram fortes ataques dos bandeirantes paulistas que buscavam escravos. Em 1638, acabaram migrando para o outro lado do rio Uruguai. Os padres jesuítas só retornaram a São Miguel Arcanjo em 1687, quando fundaram os Sete Povos das Missões. O conjunto de aldeamentos indígenas do noroeste gaúcho incluía também São Lourenço Mártir, São João Batista e São Nicolau, São Borja, São Luís Gonzaga e Santo Ângelo.

A construção do complexo arquitetônico ainda existente em São Miguel foi realizada após o retorno. O sítio arqueológico é formado por igreja, sacristia, cruz missionária, colégio, oficinas, quinta e cemitério, além de um museu.

A antiga igreja é, sem dúvida, o que mais chama a atenção no local. Seus blocos de arenito percorreram 20 quilômetros para chegar ali, onde passaram dez anos sendo empilhados para dar o formato de cruz latina que diferencia o edifício das demais igrejas missionárias. O projeto foi assinado pelo italiano Gian Batista Primolli, que se mostrou bastante antenado com as novidades da arquitetura européia da época ao desenhar sua obra barroca.

O sino que badalava na torre principal da igreja descansa hoje no Museu das Missões, instalado em uma casa inspirada nas habitações dos missioneiros. O museu abriga ainda cerca de cem imagens religiosas confeccionadas pelos índios e que antes decoravam o templo.

Para entender mais sobre São Miguel, um vídeo é exibido aos visitantes de hora em hora, na sacristia. À noite, um espetáculo de som e luz conta a história das missões.

O sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo é o único patrimônio histórico-cultural do sul do Brasil reconhecido pela Unesco.
 

Sítio arqueológico de São Miguel -
 Horário: das 9h às 12h e das 14h às 18h, com alterações durante o horário de verão. Quanto: R$ 5, sendo que estudantes e idosos pagam meia e alunos de escolas públicas entram de graça. Informações: www.saomiguel-rs.com.br/Turismo.

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