A Missa da Terra Sem Males é uma missa cantada e musicada. Foi escrita por Dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra e tem música de Martín Coplas.
Ela denuncia o “massacre secular” realizado pela civilização ocidental e defende um compromisso com o reconhecimento e o respeito de todos os povos e culturas indígenas, ainda hoje submetidos ao desprezo e ao espólio pelos países enriquecidos. A Missa da Terra sem Males refere-se ao passado, mas a um passado que continua presente. A busca da “Terra sem Mal” (Ivy marãey) é um dos mais polêmicos e instigantes aspectos da cultura Guarani.
"Em nome da Terra-sem-males,
perdida no lucro,
ganhada na dor,
em nome da Morte vencida,
em nome da Vida,
cantamos, Senhor!"
A Missa da Terra-sem-males foi criada em 1978, sobre as pedras de São Miguel, no Rio Grande do Sul. Terra de fronteira entre a América espanhola e portuguesa, estas duas Américas que são uma só. América dividida pelo fogo dos conquistadores. O templo em ruínas de São Miguel é um monumento testemunho do massacre do Povo Guarani, testemunho da resistência e da grandeza dos Povos Indígenas de toda a América.
A missa já foi apresentada em diversas partes do mundo. Nas Missões brasileiras, a missa ocorreu uma vez em Santo Ângelo, em frente à Catedral Angelopolitana, e duas vezes em São Miguel das Missões. Na época, centenas de vozes missioneiras cantaram...
Eu sou América, sou o Povo da Terra, da Terra-sem-males,
o Povo dos Andes,
o Povo das Selvas,
o Povo dos Pampas,
o Povo do Mar...
Do Colorado,
de Tenochtitlan,
do Machu-Pichu,
da Patagônia,
do Amazonas,
dos Sete Povos do Rio Grande.
A Missa tem dois momentos maiores, como textos indigenistas: a "Memória Penitencial" e o "Compromisso Final". Em cada palavra, surge a importância da Memória, Remorso e Compromisso. Memória histórica, Remorso pelos tantos mártires da história indígena e Compromisso com o futuro dos povos nativos.
Pelos Templos sem defesa saqueados,
por todas as Cidades destruídas,
pelos 90 milhões de índios massacrados
Memória / Remorso / Compromisso!
Pelas ruínas do Império do Sol,
pelos Palacios Maias abolidos,
por todo o Povo Azteca escravizado,
pela desolação dos Sete Povos...
Memória / Remorso / Compromisso!
"Poderia ter sido um poema, uma cantata, mas nasceu missa. Porque é impossível separar a historia dos Povos Indígenas da América da presença da Igreja entre eles. A mesma Igreja que abencoou a espada dos conquistadores e sacramentou o massacre e o extermínio de povos inteiros, nesta missa se cobre de cinza e faz sua própria e profunda penitência. A penitência por si só não conduz a nada, nem sequer alivia a responsabilidade histórica que a Igreja assumiu ao lado do branco colonizador. Contudo, a História marcha e a Igreja mantém um laço profundo com os oprimidos da América. Que esta penitência contribua para que este laço se converta em compromisso com a marcha do Povo a caminho de sua libertação." (Pedro Tierra)
"Montezuma!
Atau Walpa!
Tupac Amaru!
Sepé Tiaraju!
Toríbio de Mogrovejo!
Rosa de Lima!
Bartolomé de las Casas!
José de Anchieta!
Roque!
João!
Afonso!
Rodolfo!
Simão Bororo!
João Bosco!
E todos os Patriarcas, Profetas e Mártires
da Causa Indígena!
2 comentários:
Parabéns pela belíssima obra que nos inspira nessa caminhada
Por uma terra sem males.
Prosseguiremos nossa caminhada de resistência.
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