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19 de setembro de 2013

Chimarrão: você sabe de onde vem esta tradição?

"Eu sou Rio Grande, do churrasco e da erva mate
neste ritual de amizade em comunhão
palavras índias, que adoçadas pela água
nos irmanaram, perpetuando a tradição."
Eu Sou Rio Grande (Música tema da Semana Farroupilha 2013)


A Tradição do chimarrão é antiga, símbolo da cultura e hospitalidade Gaúcha. O chimarrão ou mate é uma bebida característica da cultura do sul da América do Sul, um hábito legado pelas culturas quíchua, aymará e principalmente dos guarani, que habitavam a região definida pelas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, na época da chegada dos colonizadores espanhóis. Ainda hoje é hábito fortemente arraigado no Brasil Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (principalmente), Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (Pantanal) e Rondônia), parte da Bolívia e Chile e em todo o Paraguai, Uruguai e a Argentina.



Antes da chegada dos europeus à América, os índios guarani já usavam as folhas da erva-mate para preparar uma bebida estimulante. Era o chamado ka'a y(traduzido do guarani, "água de folha"). As folhas da erva eram colocadas em uma cuia com água e o líquido era então chupado através de uma taquara, caniço ou osso, filtrado através de um trançado de fibras vegetais. Nos dias de hoje toma-se em uma cuia de porongo e bomba de metal. Porém em seus primórdios o chimarrão era consumido através de um “canudo” de taquara, chamado Taquapy.
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Os colonos espanhóis no Paraguai observaram que os índios guarani eram ''viciados'' na bebida e inicialmente os jesuítas espanhóis proibiram seu consumo devido a seus supostos efeitos afrodisíacos, qualificando a planta como "erva do diabo". Mas os espanhóis não tardaram a experimentar a bebida e aprová-la, passando também a utilizá-la como ingrediente básico da sua dieta alimentar. Diz-se que o primeiro contato dos europeus com a bebida foi quando as tropas do general espanhol Irala se encontraram com os índios guaranis da região de Guaíra (atual estado brasileiro do Paraná), em 1554 e observaram o consumo generalizado da bebida entre os índios.

Os jesuítas espanhóis, nas Missões, organizaram o cultivo e a produção da erva-mate e passaram a abastecer os colonos espanhóis em toda a bacia platina (Argentina, Paraguai, Uruguai e Rio Grande do Sul), conseguindo grandes lucros com o comércio da erva. Os jesuítas destacaram-se na produção da erva, pois seus métodos de produção permitiam-lhes obter uma erva-mate de qualidade muito superior à de outros produtores. Relatos antigos levam a crer que os jesuítas estimularam o consumo de mate pelos índios das missões como forma de combater o perigo do alcoolismo.

A importância da Erva Mate vivenciada na prática no Ponto de Memória Missioneira, em São Miguel das Missões - a 50 metros da Pousada das Missões

O chimarrão tem diversas propriedades em estudo e outras comprovadas. É desintoxicante e rico em cálcio e ferro. A Erva Mate, Ilex paraguariensis, é uma árvore nativa, um dos símbolos ecológicos do Rio Grande do Sul. Até chegarmos ao chimarrão, propriamente dito, a Erva Mate passa por vários processos.


Viajantes conhecidos mundialmente nos ajudam a desvendar a história deste importante elemento de nossa cultura:

A erva-mate foi classificada em 1820 pelo botânico francês Saint-Hilaire, após observar os ervais nativos em uma fazenda nas proximidades de Curitiba. 

Já Roberto Ave-Lallemant (1812-1884) visitando o Rio Grande do Sul em março de 1858, registra a importância folclórica do mate: “O símbolo da paz, da concórdia, do completo entendimento – o mate! Todos os presentes tomaram o mate. Não se creia, todavia, que cada um tivesse sua bomba e sua cuia própria; nada disso! Assim perderia o mate toda a sua mística significação. Não há nisso, nenhuma pretensão de precedência, nenhum senhor e criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra cristã, um comunismo moral, uma fraternidade verdadeiramente nobre, espiritualizada! Todos os homens se tornam irmãos, todos tomam o mate em comum!” (Viagem pelo Sul do Brasil, 1.º, 191. Rio de Janeiro, 1953). 

E de onde veio o nome?
 Do espanhol cimarrón, chucro, bruto, bárbaro, vocábulo empregado em quase toda a América Latina, do México ao Prata, designando os animais domesticados que se tornaram selvagens. “E assim esta palavra foi também empregada pelos colonizadores do Prata, para designar aquela rude e amarga bebida dos nativos, tomada sem nenhum outro ingrediente que lhe suavizasse o gosto”. (Elucidário Crioulo, de Antonio Carlos Machado in História do Chimarrão, de Barbosa Lessa, 57).


Sempre presente no dia-a-dia, o chimarrão constituiu-se na bebida típica do Rio Grande do Sul, ou seja, uma tradição representativa do nosso pago.

Uma roda de chimarrão, é um momento de cultura, tradição, descontração e afeto, que faz parte de um importante ritual para unir gerações. Assim, além de relevante economicamente e de todas as funções medicinais e fisiológicas a erva mate é elemento de socialização e de preservação da cultura. É um hábito histórico que atravessou séculos e permanece presente no dia-a-dia dos herdeiros dessa história.

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